Temos de um lado Heráclito, que defendia a ideia de um mundo em continuidade, um mundo contínuo. Do outro lado, Parmênides, que definia um ser único – um ser imóvel.
Heráclito acreditava num mundo contínuo, um mundo em constante movimento, em constante transformação, o devir eterno, o vir a ser constante. Para ele, o mundo era um fluxo contínuo, onde nada permanece idêntico a si mesmo, mas transforma-se no seu oposto (negação, contradição). Tudo flui, tudo passa. O homem também muda.Somos constituídos de oposições internas.
Há uma metáfora que ele utilizou, a da vela acesa: quando vemos a chama acesa de uma vela, temos a impressão de que ela é sempre a mesma. No entanto, estamos diante de um processo de transformação que se opera naquele instante, que é o seguinte: a cera da vela é transformada em fogo, o fogo em fumaça e a fumaça em ar. O fogo é o elemento da mais pura instabilidade, do devir eterno.Este é o processo contínuo de transformação que opera no mundo, segundo Heráclito.
Já Parmênides nos oferece uma idéia contrária à de Heráclito. Em seu pensamento, o filósofo define o seguinte: o ser é único, imutável, infinito e imóvel. Para ele, o ser é sempre idêntico a si mesmo. Por outro lado, Parmênides irá defender a idéia de que, a aparência sensível do mundo não existe. Ele quer dizer que o nosso conhecimento perseptivo, ou sensitivo das coisas, só nos fornece uma aparência, uma ilusão do movimento, uma ilusão do devir, quando somente o conhecimento intelectivo nos permite contemplar a realidade como idêntica a si mesma.
Para contrapor ao debate entre Heráclito e Parmênides, surge Platão, que nos oferece uma nova concepção de como o ser percebe o mundo, de como o ser interpreta o mundo. Para Platão, é possível dividir o mundo em dois aspectos: o primeiro, é o mundo sensível, que na verdade é aquele que provém de nossa experiência sensível com as coisas do mundo. É o mundo material ou físico, que por sua vez, para Platão, não passa de uma aparência ou uma cópia do mundo real. Já o mundo inteligível, é o mundo das idéias, onde estão as essências verdadeiras – aquilo que é imutável.
Para compreender melhor a proposta de Platão, em dividir o mundo em dois, o mundo sensível e o mundo inteligível, vamos recorrer ao famoso Mito da Caverna: a caverna é o mundo em que vivemos, o mundo sensível. As sombras projetadas, não passam de coisas materiais, ou sensoriais que percebemos. Mas o que está lá fora da caverna, o exterior à caverna, é o mundo inteligível, a verdadeira realidade. Como percebemos o mundo? Reconhecemos o mundo a partir de representações, de reproduções, de algo que é aparente!
Bem, para contradizer e alimentar ainda mais o debate em torno dessa relação, de como o homem percebe a natureza, de como ele interpreta o mundo em que vive, Aristóteles irá colocar a seguinte problemática: para ele, não devemos julgar o mundo das coisas sensíveis (da Natureza) como aparente e ilusório; há seres cuja essência é mudar, e há seres cuja essência é imutável. Nesse sentido, o que propôe Aristóteles? Propõe que a transformação é a materialidade das potencialidades contidas nas essências das coisas; as essências estão nas próprias coisas, no próprio Homem. E é o pensamento o único capaz de conhecer esta essência;
A partir da ideia de que as essências das coisas estão nas próprias coisas, que a essência do homem está no próprio homem, devemos trabalhar alguns conceitos fundamentais do pensamento aristotélico.
O primeiro é a razão entre Substância / Essência / Acidente:
Para Aristóteles, substância é a definição do próprio ser, é aquilo que determina o próprio ser, ou seja, o ser sempre apresenta atributos essenciais e acidentais. O que seriam os atributos essenciais? São atributos que fazem o sujeito ser necessariamente aquilo que é. Exemplo: o homem é por essência um animal racional. Já o atributo acidental, ou o acidente, são aqueles que, existindo ou não, nunca afetarão o ser da essência, ou seja, o sujeito. Exemplo: o homem é racional, por essência, mas é gordo ou magro por acidente. O fato do homem ser gordo ou magro, feio ou bonito, alto ou baixo, não afeta a essência humana, ou seja, sua capacidade de abstrair, sua capacidade de usar a razão para transformar o mundo.
Outras duas relações são importantes para o pensamento aristotélico. É a relação Matéria/Forma. O que Aristóteles acredita por matéria? Para ele, matéria é aquilo do que são feitos os homens, as coisas e o mundo. Do outro lado, a forma, é aquilo como foi determinada a matéria. Uma escultura por exemplo, teve como matéria o bronze, e a escultura é a própria forma como o artista resolveu dar à seu pensamento.
Uma outra relação é Ato e Potência. Aristóteles definiria “ato” como concretização de uma matéria, isto é, sua forma num dado instante do tempo. Já “potência” é aquilo que está contido em uma matéria e pode vir a existir; Um exemplo: o adulto é o ato da criança, ou seja, toda criança carrega em si a potencialidade de vir a ser um adulto. “O ato sempre será uma forma capaz de concretizar uma potência contida na matéria.”
BIBLIOGRAFIA
Matheus Venâncio, 2009 – UNIFRAN – Universidade de Franca
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